Enterrar redes elétricas: uma solução urgente para mitigar o caos urbano em eventos climáticos extremos
Por: Arena Infra - 17 de Dezembro de 2025
Os grandes centros urbanos brasileiros, como a cidade de São Paulo, enfrentam um desafio recorrente que se agrava a cada novo evento climático extremo: a fragilidade das redes aéreas de energia e telecomunicações. Ventanias intensas, chuvas volumosas e quedas de árvores continuam provocando apagões, falhas de comunicação e prejuízos operacionais que impactam diretamente a vida da população, o funcionamento do comércio, dos serviços públicos e da indústria.
Em um cenário de mudanças climáticas, tratar esse problema como exceção deixou de ser uma opção. A repetição dos sinistros evidencia a necessidade de uma mudança estrutural na forma como a infraestrutura elétrica e de telecomunicações é planejada, implantada e mantida.
Redes aéreas: um modelo ultrapassado para cidades complexas
A convivência entre árvores urbanas e redes aéreas de energia e telefonia é um conflito conhecido. A cada tempestade mais severa, o resultado é previsível: postes danificados, cabos rompidos, bairros inteiros sem energia e longos períodos de restabelecimento dos serviços.
Além dos transtornos à população, os prejuízos econômicos são expressivos. Hospitais, sistemas de transporte, semáforos, centros de dados, indústrias e comércios dependem de fornecimento contínuo de energia. A interrupção desses serviços expõe uma vulnerabilidade incompatível com a complexidade e a importância econômica de uma metrópole como São Paulo.
Enterrar redes elétricas é investir em resiliência urbana
A adoção de redes subterrâneas é uma solução já amplamente utilizada em grandes cidades ao redor do mundo. Trata-se de um investimento estratégico em resiliência urbana, que reduz drasticamente os impactos de eventos climáticos, melhora a confiabilidade do fornecimento, valoriza o espaço urbano e diminui custos recorrentes com manutenção emergencial.
Mais do que uma questão estética, o enterramento das redes representa segurança, continuidade de serviços essenciais e planejamento de longo prazo.
Métodos Não Destrutivos: o caminho para viabilizar essa transformação
Um dos principais argumentos contrários à implantação de redes subterrâneas sempre foi o impacto das obras na dinâmica da cidade. No entanto, esse obstáculo vem sendo superado com o avanço dos Métodos Não Destrutivos (MND) aplicados à infraestrutura urbana.
De acordo com o engenheiro Leonardo Neves, CEO da ENGENEVES e embaixador do CREA-SP:
“O método não destrutivo pode ser uma chave importante para que sejam enterradas essas redes de infraestrutura de forma mais rápida, limpa e segura. O que não se pode é parar a cidade toda vez que árvores caem sobre a rede elétrica.”
Tecnologias como perfuração direcional, microtúnel, HDD e outras soluções de MND permitem a implantação de redes subterrâneas com mínima interferência no tráfego, no comércio e na rotina da população, tornando o processo tecnicamente viável e socialmente responsável.
Leonardo reforça ainda que:
“A ENGENEVES foi reconhecida como Top 5 entre as empresas do setor de Métodos Não Destrutivos e está aberta para somar forças na melhoria da infraestrutura subterrânea em São Paulo.”
O caso Enel e a urgência por eficiência operacional
As recentes notícias envolvendo a concessionária Enel escancararam a fragilidade do modelo atual de gestão e operação da rede elétrica na capital paulista e em outros municípios do estado. Documentos apresentados por autoridades estaduais e municipais apontam falhas operacionais recorrentes, especialmente em situações adversas causadas por eventos climáticos.
A concessionária já foi multada cinco vezes pela Aneel, com penalidades que somam R$ 374 milhões. No entanto, apenas cerca de 7,7% desse valor (aproximadamente R$ 29 milhões) foi efetivamente pago até o momento. Algumas dessas penalidades seguem sendo questionadas judicialmente e em recursos administrativos.
A gravidade do cenário levou o debate ao mais alto nível do poder público, com reuniões envolvendo o governador de São Paulo, o prefeito da capital, o ministro de Minas e Energia e o próprio presidente da República. A possibilidade de caducidade da concessão, a sanção mais severa prevista em contrato, passou a ser discutida diante da reincidência de falhas e da incapacidade operacional demonstrada.
Segundo declarações públicas, ficou evidente a necessidade de uma empresa que tenha estrutura, planejamento e compromisso para atender a população, especialmente em um contexto de mudanças climáticas cada vez mais severas.
Planejar hoje para não apagar amanhã
A crise no fornecimento de energia não é apenas um problema de atendimento emergencial, mas de planejamento de infraestrutura. Enterrar redes elétricas, utilizando métodos modernos e não destrutivos, é uma decisão técnica, econômica e socialmente inteligente.
O Arena Infra defende que a evolução da infraestrutura urbana passa pela adoção de tecnologias que tornem as cidades mais seguras, resilientes e preparadas para o futuro. Obras mais limpas, rápidas e seguras não são mais tendência — são necessidade.
São Paulo e outras grandes cidades brasileiras não podem continuar reféns de modelos ultrapassados. A engenharia nacional tem conhecimento, tecnologia e empresas capacitadas para liderar essa transformação. O próximo passo é decisão, planejamento e execução.